Indígenas discutem caracterização de espaço para troca de saberes na UBS do Parque das Tribos

26 de maio de 2023/

Impulsionada pelo Projeto Manaós: Saúde da População Indígena em Contexto Urbano, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, por meio do Edital Saúde Indígena do Programa Inova Fiocruz, a discussão em torno da participação da comunidade indígena do Parque das Tribos no processo de concepção do uso e caracterização da Unidade Básica de Saúde (UBS), vem avançando, com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, da Prefeitura de Manaus, juntamente com as etnias que integram a comunidade. No último dia 10/05, uma reunião com as lideranças indígenas da localidade teve como finalidade discutir a caracterização da UBS do Parque das Tribos como um espaço para troca e valorização dos saberes tradicionais. O encontro ocorreu na Maloca e teve como pauta, entre outras sugestões, o uso de grafismos indígenas e a definição dos espaços para o cultivo de plantas medicinais na unidade.

O pesquisador da Fiocruz Amazônia, Rodrigo Tobias, coordenador do Projeto Manaós, explica que a articulação promovida pelo projeto, junto à comunidade e à Semsa Manaus vem reverberando positivamente no processo de comunicação entre as partes. “A possibilidade de fazer a estruturação do ambiente e também proporcionar espaço de encontro entre saberes, entre os indígenas e equipe de saúde, sempre foi um dos nossos objetivos, fazendo com que a UBS Parque das Tribos  pudesse ser um ponto de encontro, para além de buscar a saúde e o conhecimento biomédico ocidental hegemônico, fosse possível resguardar também espaços para pajés e também hortas e plantações de ervas medicinais e curativas, que são terapias acessórias complementares ao tratamento biomédico”, explica Tobias.

Para o pesquisador, garantir espaço para esse cuidado intercultural na nova unidade básica de saúde é garantir a promoção de um cuidado que conversa com a ancestralidade e, também, com o conhecimento biomédico hegemônico tradicional. “A partir desse encontro, é possível se produzir novos saberes”, afirma, observando que a UBS será referência dentro da política nacional de atenção básica uma vez que produzirá um cuidado intercultural com um público formado pelas 35 etnias que se encontram no Parque das Tribos.

Participaram da reunião, no último dia 10/05, lideranças da etnia Witoto, Piratapuya, Miranha, Munduruku, karapãna e Kokama. Diversas propostas foram levantadas durante o encontro e serão apresentadas à Semsa Manaus. Após a reunião, as lideranças seguiram para uma visita de campo à área de construção da UBS. O cacique Carlos Miranha, presente à reunião, destacou que o processo participativo de construção da unidade, proporcionado pela Semsa, Fiocruz Amazônia e as etnias, é fundamental para atender as necessidades da comunidade. Ele, que também é pajé, ressaltou a importância de um espaço para o cuidado com a saúde dos povos indígenas.

O Projeto Manaós: Saúde da População Indígena em Contexto Urbano” é desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, por meio do Edital Saúde Indígena, do Programa Inova Fiocruz. O projeto entrou em sua segunda fase de execução de atividades voltadas para as 750 famílias de 35 etnias indígenas, que vivem atualmente no Parque das Tribos, primeiro bairro indígena de Manaus. Inicialmente, o Manaós atuou no diagnóstico da realidade dos indígenas desaldeados e as dificuldades enfrentadas por eles no acesso aos serviços de saúde. Passará agora a desenvolver linhas específicas de ação, voltadas ao empoderamento comunitário, formação de agentes indígenas de saúde e a investigação de fatores de risco cardiovasculares dos indígenas que vivem na área urbana. Essa investigação, segundo Rodrigo Tobias, inaugura no Brasil uma linha de pesquisa específica com indígenas não aldeados que convivem com contextos urbanos e periféricos das grandes cidade

Projeto Manaós, da Fiocruz, se destaca entre experiências de impacto local selecionadas pelo Laboratório Latino-Americano de Práticas de Participação Social em Saúde

24 de maio de 2023/

O Projeto Manaós: Saúde Indígena no Contexto Urbano, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, foi selecionado pelo Laboratório Latino Americano de Práticas de Participação Social em Saúde, criado pelo Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), como uma das 30 melhores experiências de impacto local em saúde de populações vulnerabilizadas que participaram da seleção de projetos aberta no ano passado. O Laboratório tem como finalidade possibilitar trocas e aprendizados, além de potencializar as ações dos atores envolvidos na execução dos projetos em níveis regionais, nacional e internacional, com as experiências escolhidas a partir dos eixos Participação e Controle Social em Políticas Públicas de Saúde e Participação e Engajamento Comunitário em Práticas de Saúde.

No útlimo dia 11/05, o projeto foi uma das cinco experiências apresentadas durante a terceira live do Laboratório. Serão realizadas, no total, seis encontros virtuais que terão como finalidade dar visibilidade aos projetos. Apresentado pelo pesquisador da Fiocruz Amazônia, Rodrigo Tobias de Souza Lima, coordenador do projeto, o Manaós é desenvolvido no Parque das Tribos, o primeiro bairro indígena de Manaus. O projeto foi aprovado na Chamada Pública 001/2021 do Edital Inova Fiocruz, com foco no apoio a propostas que dialogam com os objetivos, princípios e pressupostos do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. Na primeira fase, o projeto realizou o mapeamento dos perfis socioeconômico e da saúde da população que vive na comunidade, identificando os processos de organização sociocultural e política, no acesso aos serviços de saúde.

Os projetos selecionados pelo Laboratório Latino-Americano de Práticas de Participação Social em Saúde participarão do processo de intercâmbio, por meio de oficinas e troca de experiências, dentro do desenvolvimento proposto pelo Laboratório de Inovação. Além disso, receberão um certificado de reconhecimento do projeto.

As experiências consideradas como de destaque irão compor uma publicação organizada pelo CNS e pela Opas. “O Manaós tem ganhado dimensões de notoriedade local, regional e internacional, o que para a coordenação do projeto é bastante gratificante, uma vez que em pouco mais de dois anos de atuação já iremos fazer parte de uma publicação inédita, tornando-o referência para a Região das Américas”, afirmou o pesquisador.

Além do Brasil, Uruguai e Colômbia também tiveram experiências inovadoras selecionadas e presentes na terceira live do Laboratório, cujo tema foi “Participação Social em Saúde para garantia do direito de populações em situações de vulnerabilidades”.

Confira: https://youtube.com/live/zY9KouDBBFo?feature=share

LABORATÓRIO DE INOVAÇÃO

O Laboratório de Inovação Latino-Americano de Práticas de Participação Social em Saúde recebeu 146 relatos de experiências (125 nacionais e 21 internacionais), sendo que 122 foram homologadas por cumprirem os requisitos do edital (20 internacionais e 102 nacionais), disponíveis para conferência no mapa, organizadas por eixo e/ou por Estado, disponível no site do LIS. ( www.apsredes.org/lis-cns ).

Entre os eixos previstos no edital de chamamento, foram homologados 79 relatos do Eixo A – Participação e controle social em políticas públicas de saúde e 43 relatos do Eixo B – Participação e engajamento comunitário em práticas de saúde. Todas as experiências homologadas estão acessíveis no site do Portal da Inovação na gestão do SUS ( apsredes.org ), compondo um mosaico. As experiências foram consideradas potentes e vão contribuir para o fortalecimento da participação social em saúde, segundo os organizadores.

A primeira live, realizada no dia 19 de abril, abordou experiências de participação social que enfatizam a importância da comunicação dialógica e descentralizada para o Sistema Único de Saúde. O intercâmbio de conhecimentos mostrou como as experiências potencializam as ações dos conselhos, das entidades, dos movimentos, da comunicação como estratégia de fortalecimento da comunidade, como manifestação das necessidades das populações em suas diferentes situações e de conscientização de educação em saúde. O resultado foi um panorama das variadas facetas da comunicação que ajudam a fortalecer o SUS. Saiba mais aqui: https://apsredes.org/experiencias-de-participacao-social-enfatizam-a-importancia-da-comunicacao-dialogica-e-descentralizada-para-o-sistema-unico-de-saude/ . A segunda live, que aconteceu no dia 25 de abril, teve foco na garantia da cidadania, com o intercâmbio entre experiências que lutam pela concretização do direito à saúde nos países latino-americanos. Saiba mais em: https://apsredes.org/cooperacao-horizontal-entre-paises-da-america-latina-destaca-praticas-de-participacao-social-em-saude-para-a-garantia-da-cidadania/ .