Seminário realizado pela Fiocruz Amazônia discute estratégias de vigilância em saúde indígena

25 de outubro de 2022/

Visando discutir estratégias de vigilância em saúde indígena nos contextos urbano e das aldeias na Amazônia, o Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) realizou nos dias 17 e 18/10, o Seminário Inova Saúde Indígena. O evento reuniu coordenadores de projetos, alunos de graduação, pós-graduação, pesquisadores, lideranças indígenas, representantes de organismos não-governamentais e dos governos municipal, estadual e federal.

Dividido em duas etapas, o encontro aconteceu na sede do ILMD, no primeiro dia, 17/10, e no Parque das Tribos, no Tarumã Açu, zona Oeste de Manaus, no dia seguinte, 18/10. A iniciativa teve ainda a finalidade de promover o debate e o intercâmbio de experiências entre projetos do Programa Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz, voltados ao fortalecimento do atendimento à saúde indígena nas cidades e aldeias amazônicas. O seminário é organizado pelo Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), com apoio do ILMD/Fiocruz Amazônia, Programa Inova Fiocruz e Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia (Procrad Amazônia).

Durante a abertura do evento, Adele Benzaken, diretora do ILMD, destacou o papel da Instituição na elaboração e desenvolvimento de ações de saúde voltadas aos povos originários. “Destaco que estamos na região com a maior população indígena do país e a Fiocruz Amazônia tem um papel decisivo, preponderante, na elaboração e execução de políticas públicas voltadas às populações indígenas brasileiras em especial as amazônicas, tão vulnerabilizadas, sejam nas suas comunidades, sejam nos aglomerados urbanos. faço aqui a homenagem ao protagonismo de tantos pesquisadores, entre os quais me incluo, em realizar estudos voltados aos cuidados com a saúde indígena sempre levando em conta a ampliação do protagonismo de populações locais e indígenas com potencial para acelerar as mudanças necessárias”, explica.

Na programação, composta por painéis e mesas-redondas com temas variados, o público comtemplou o lançamento dos vídeos “Projeto Manaós” e “Fortalecendo o Controle Social Indígena”, resultado da implementação dos dois projetos. Entre os painéis apresentados, foram abordas as seguintes temáticas: “Referência e contrarreferência de pacientes do Ambulatório de Saúde Indígena do Hospital Universitário de Brasília”, “Iniciativas de Pesquisa e impactos na vida dos indígenas na Amazônia”. Os pesquisadores apresentaram ainda os resultados do Projetos Manaós: Saúde Indígena nas Cidades, Caminhos do Controle Social e a Saúde Indígena e Inovando a Vigilância de Envenenamento por Serpentes em Populações Indígenas.

Segundo Rodrigo Tobias, Pesquisador da Fiocruz Amazônia, a ação é uma oportunidade de unir as ações e mensurar resultados dos projetos desenvolvidos pela Fiocruz Amazônia em prol das populações indígenas aldeadas, ou que vivem nas cidades. “O evento fala sobre projetos no campo do desenvolvimento do sistema único de saúde a partir do subsistema de saúde indígena, são projetos de pesquisa que possuem essa função de intervir a favor da saúde dos povos indígenas, tanto nas aldeias quanto nas cidades. A realização desses projetos, comtemplam grandes impactos como o empoderamento e a autonomia dos indígenas nas cidades. Foi criada uma associação de moradores e indígenas do Parque das Tribos, o maior bairro indígena do Brasil”, destaca.

O evento contou também com a roda-de-conversa “Diálogos e Impressões dos Projetos na Visão dos Indígenas”, com as lideranças indígenas Wanda Witoto, Marcivana Sateré Mawé (Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno), Luiz Penha (coordenador de Saúde da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Adelaide Mota Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e GT Interdisciplinar Saúde Indígena, Edgar Hamann – PPG Saúde Coletiva – UnB, Celso Cabral, do Núcleo de Promoção do Respeito à Diversidade (NUPRED), da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa-Manaus). O livro “A Saúde Coletiva na Amazônia: redes de pesquisa, formação e situações de saúde e condições de vida” também foi lançado durante o seminário.

Para a Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), Ximena Pamela, o seminário foi uma importante ferramenta para agrupar conhecimentos e estreitar relações entre os projetos de pesquisa desenvolvidos nas Instituições. “Essa é uma oportunidade muito importante para nós. Esta triangulação de esforços, de projetos acadêmicos, que fortalecem não só uma linha de pesquisa, mas também uma possibilidade de pensar nas coisas novas que podem sair desses esforços coletivos. Estamos cada vez mais convictos da importância da articulação do melhor que as pessoas desenvolvem nas instituições, para fortalecer, ajudar ao cumprimento dos direitos humanos, do resguardo do meio ambiente e da aprendizagem mútua entre toda esta inteligência coletiva que se reúne aqui neste seminário”, avalia.

O segundo dia de evento, foi marcado por uma visita ao Parque das Tribos, onde a coordenação do evento realizou a oficina “A Vida como ela é…”, com a participação dos especialistas convidados, recebidos pela liderança indígena Lutana Kokama, e a coordenadora de Saúde Indígena da Semsa Manaus, Graciete Carvalho. Localizada no bairro Tarumã, Zona Oeste de Manaus, residem na comunidade Parque das Tribos, aproximadamente 2.800 indígenas de diversas etnias. A ocupação da comunidade foi planejada desde 2012, ocorrendo em 2013, tendo, aproximadamente, 35 etnias.

INTEGRAÇÃO

Batizado popularmente como “Projeto Manaós”, a ação conta com financiamento do Fundo de Inovação da instituição e do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE). O Projeto foi articulado como uma ação colaborativa entre diversos atores envolvidos no campo da saúde indígena, em contexto urbano.

A iniciativa teve como parceiros e participantes ativos na construção e execução das atividades do projeto, indígenas, profissionais de saúde, gestores da saúde, educadores, e instituições como a Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (SES-AM), Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA Manaus), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (SEMASC), Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (COPIME), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Centro de Medicina Indígena da Amazônia, Grupo de Trabalho Intersetorial de Saúde Indígena da Região de Manaus e Entorno (GTI), e Fundação Nacional do Índio – Coordenação Manaus e Entorno (FUNAI

Fiocruz Amazônia reúne representantes de projetos voltados para a saúde indígena nas cidades

14 de outubro de 2022/

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) dará início na próxima segunda-feira, 17/10, ao Seminário Inova Saúde Indígena, que terá dois dias de duração, com a finalidade de promover o debate e o intercâmbio de experiências entre projetos do Programa Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz, voltados ao fortalecimento do atendimento à saúde indígena nas cidades e aldeias amazônicas. O evento acontecerá na sede do ILMD, no primeiro dia, 17/10, e no Parque das Tribos, no Tarumã Açu, zona Oeste de Manaus, no dia 18/10. No Parque das Tribos, residem atualmente cerca de 2,8 mil indígenas fe etnias diversas. O objetivo é reunir coordenadores de projetos e o público-alvo do seminário, (alunos de graduação, pós-graduação, pesquisadores, lideranças indígenas, representantes de organismos não-governamentais e dos governos municipal, estadual e federal), para discutir estratégias de vigilância em saúde indígena nos contextos urbano e das aldeias na Amazônia.

O seminário é organizado pelo Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), com apoio do ILMD/Fiocruz Amazônia, Programa Inova Fiocruz e Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia (Procrad Amazônia). A mesa de abertura do evento será composta  pela diretora do ILMD/Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken, a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), Ximena Pamela; a vice-diretora de Pesquisa do ILMD, Stefanie Lopes, os pesquisadores Júlio Schweickardt, chefe do LAHPSA e coordenador do Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA); Rodrigo Tobias, coordenador do Projeto Manaos; Saúde Indígena nas Cidades; Kátia Menezes, coordenadora do Projeto Controle Social Indígena de Capacitação de Conselheiros de Saúde Indígenas, e Marcus Lacerda, coordenador do Projeto Vigilância de Envenenamento por Serpentes em Indígenas. Tambem estarão presentes as lideranças indígenas Wanda Witoto e Lutana Kokama.

O evento será composto por painéis e mesas-redondas com temas variados, iniciando com o lançamento dos vídeos “Projeto Manaós” e “Fortalecendo o Controle Social Indígena”, resultantes da implementação dos dois projetos. O primeiro painel, às 9h30, terá como tema “Referência e contrarreferência de pacientes do Ambulatório de Saúde Indígena do Hospital Universitário de Brasília”, abordado pela professora-doutora Graça Hoefel, do PPG Saúde Coletiva da UnB. Às 10h, acontecerá a mesa-redonda “Iniciativas de Pesquisa e impactos na vida dos indígenas na Amazônia”, com a apresentação dos projetos Manaós: Saúde Indígena nas Cidades, Caminhos do Controle Social e a Saúde Indígena e Inovando a Vigilância de Envenenamento por Serpentes em Populações Indígenas.

Em seguida, haverá a roda-de-conversa Diálogos e Impressões dos Projetos na Visão dos Indígenas, com as lideranças indígenas Wanda Witoto, Marcivana Sateré Mawé (Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno), Luiz Penha (coordenador de Saúde da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Adelaide Mota Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e GT Interdisciplinar Saúde Indígena, Edgar Hamann – PPG Saúde Coletiva – UnB, Celso Cabral, do Núcleo de Promoção do Respeito à Diversidade (NUPRED), da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa-Manaus). Em seguida, ocorrerá o lançamento do edital do livro “A Saúde Coletiva na Amazônia: redes de pesquisa, formação e situações de saúde e condições de vida”.

No segundo dia do seminário, durante a visita ao Parque das Tribos, acontecerá a oficina “A Vida como ela é…”, com a participação dos especialistas convidados, recebidos pela liderança indígena Lutana Kokama, e a coordenadora de Saúde Indígena da Semsa Manaus, Graciete Carvalho.

SOBRE OS PROJETOS

O projeto “Manaós: Saúde da População Indígena em Contexto Urbano”, coordenado pelo pesquisador Rodrigo Tobias, teve os resultados apresentados no último mês de junho, com a entrega do relatório final das atividades do projeto na sede da Associação Indígena e de Moradores do Parque das Tribos. O projeto avaliou as condições de saúde da população indígena, residente na comunidade e sua capacidade de acesso á rede de serviços de saúde em Manaus. Realizado ao longo de 12 meses, o projeto foi aprovado na Chamada Pública 001/2021 Saúde Indígena do Edital Inova Fiocruz, com foco exclusivo no apoio a propostas que dialogam com os objetivos, princípios e pressupostos do Subsistema de Atenção à Saúde indígena (SasiSUS).

Entre as principais atividades promovidas pelo projeto, estão o mapeamento do perfil de saúde e, socioeconômico da população indígena que vive na comunidade, identificando processos de organização sociocultural e política, no acesso aos serviços de saúde, visando fortalecer a rede de atenção à saúde e proteção social responsável pelo atendimento às famílias do território, com o objetivo de priorizar o cuidado mediante o uso dos sistemas tradicionais indígenas de saúde.

A iniciativa de capacitação de conselheiros de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), de Manaus, foi viabilizada por meio de projeto aprovado no Edital de Saúde Indígena nº 1/2021, do Programa Inova Fiocruz. O curso foi uma das 14 propostas contempladas com recursos para a execução das ações e é resultado do trabalho desenvolvido pelas pesquisadoras da Fiocruz Amazônia Kátia Maria Lima de Menezes, doutora em Saúde Pública, e Fabiane Vinente, doutora em Antropologia Social, ambas pertencentes ao Laboratório de Pesquisa em História e Políticas de Saúde na Amazônia (Lahpsa). Também participaram do projeto o doutor em História e Ciências da Saúde Júlio Schweickardt, e a doutora em Medicina Tropical Luciete Almeida, pesquisadora do ILMD.

O Inova Fiocruz foi lançado em 2018 e tem como objetivo fomentar a pesquisa e a inovação, resultando na entrega de produtos/conhecimento/serviços para a sociedade, a partir de pesquisas na área de saúde. A partir do Inova Fiocruz, o Dsei Manaus – um dos 34 distritos sanitários especiais indígenas existentes no Brasil (destes sete estão situados no Amazonas) – foi o primeiro a implantar a iniciativa de capacitação on-line de conselheiros no Estado. A capacitação no formato de Ensino a Distância (EAD) foi oferecida, por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, por ser a ferramenta digital mais utilizada no Amazonas, em razão da instabilidade dos serviços de internet